Nature

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Neutralidade

Era um longo corredor. De um lado a parede era branca, do outro, era preta. A minha frente um copo cheio d'água,  água essa que permanecia imóvel, mesmo com meus passos tão fortes no chão de madeira. Mais a frente uma mesa redonda e branca, com uma vela branca em cima, cujo fogo não se abalava nem apagava.Pendurado no teto um grande barbante branco. E a frente da vela branca havia  um papel em branco e uma caneta ao lado.
 Tudo naquela sala parecia tão neutro, tudo esperava por algo, por alguma comunicação distinta, tudo era em branco e esperava por algo q o tangesse.
 Foi então que percebi um tremor. Como um terremoto, porém tão leve que nada naquele corredor se abalava. O tremor prejudicou muito minha atenção para tudo aquilo, quando acabou percebi que naquela mesa havia algo a mais. Um estranho livro, grande, devia ter mais de mil paginas, antigo. Não tive coragem de abri-lo. Me sentia indigno, impuro para tal tarefa.
 Foi então que tudo começou a mudar. Nas paredes começaram a crescer, muito rapidamente, plantas de todos os tipos, flores dos mais variados gêneros. A água do copo começou a formar ondas, tão uniformes que pareciam ser feitas por máquina, ou por uma montagem muito bem feita. Na mesa, a chama da vela começou a se agitar, mesmo com nenhuma brisa correndo. O barbante começou a encurtar, ate desaparecer sozinho. Foi então que me senti estranho, e , mesmo sem vontade, segurei aquela caneta em minhas mãos e comecei a escrever incessantemente algo naquele papel. Não era bem eu, apenas meu corpo escrevia, parecia outra alma escrevendo por mim. Foi então que a escrita se assinou e a vela se apagou, e atrás , no meu ouvido esquerdo ouvi um sussurro: "Você não vai ler?".

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